Design

Strategy

Adaptações para Design Sprint de Early Stages

May 2, 2024

Alguns anos atrás, escrevi um blog post chamado “Design Sprint da Vida Real” onde abordo uma adaptação que desenvolvemos do método de Jake Knapp para a realidade de clientes da Novatics.

Muita coisa mudou de lá pra cá, incluindo os tipos de clientes e projetos que a empresa começou a trabalhar. Nosso modelo de design sprint ainda continua relevante para clientes que — como mencionado no post anterior — querem executar uma ideia.

Eu não vou entrar no detalhe de toda a evolução do método usado dentro da Novatics — em decorrência de todos os designers que passaram pela empresa, especialmente porque passamos por uma pandemia, adaptação do modelo para o remoto, onde a versão Design Sprint 2.0 foi fundamental –, mas sim, falar de uma adaptação específica para maturidade do produto ou ideia de negócio. E, principalmente, baseada na maturidade do cliente.

A máxima ainda vive: clientes procuram a design sprint para pôr ideias em prática, e geralmente eles têm convicção das ideias deles. Entretanto, quando o cliente tem uma maturidade menor para concepção e desenvolvimento de produtos digitais, as fases de mapear e definir tendem a ser esticadas e mais discutidas. E é nesse contexto que você descobre que, na verdade, a DS tem por objetivo definir a ideia do produto. Não tem como colocar uma ideia em prática se essa ideia ainda é apenas um abstrato na mente do cliente.

Vamos conversar então sobre adaptações e novidades nas etapas de mapear e definir, que ajudaram alguns dos nossos clientes — e a nós ao conduzirmos a design sprint.

Revisão Estratégica

Definir Missão e Visão

Este exercício e output são ótimos e até essenciais para clientes que são um departamento ou área de uma empresa e estão querendo desenvolver um produto digital.

Pode parecer bobo, mas nem todo departamento tem esses conceitos bem definidos. E mesmo que tenha, um produto requer processos e operação, gerando a necessidade de criação de uma sub-área dentro deste departamento. Dessa forma, para que um novo processo se instale bem, devemos definir missão e visão da sub-área.

Para definir missão e visão em uma DS com tempo corrido, conduza as atividades do dia 01: Mapeie. Faça o expert interview, conversem bastante sobre os objetivos do cliente, como ele se imagina atendendo o cliente dele e a si próprio, se ele já possui serviços para este público, qual a visão deles do problema e tente identificar a visão real do problema.

Faça a atividade de personas e stakeholders. Defina-os e depois descreva-os com foco em características, dores e necessidades. E para garantir uma boa definição de missão e visão, se já houver um ou mais serviços implementados para este público, mapeie-os.

Atividade de personas.

Estas três atividades do dia 01 — da nossa versão de DS — devem ser o suficiente para você entender, e garantir que todos os stakeholders estejam alinhados nos conceitos, para então definir missão e visão.

Em termos práticos, a missão e visão nos ajuda a definir o MVP, guiando atividades seguintes como “É, não é/Faz, não faz”, por exemplo. E também ajuda a validar o protótipo internamente, com os participantes da sprint, uma vez que a base do “por quê” e “pra onde” queremos ir está bem estabelecida.

💡Dica: Às vezes, é difícil definir a visão em uma frase e por isso não há problema caso ela seja estruturada em tópicos. Só cuidado para não passar de 3/4 pontos para não deixá-la abrangente demais. O mesmo vale para a visão.

Revisar OKRs e KPIs

Este também vale principalmente para produtos que vão nascer dentro de uma outra empresa, sendo parte de um departamento ou não. Tirar um tempinho, durante a expert interview, para revisar OKRs e KPIs antes de definir o MVP é muito valioso para o sucesso da DS.

Muitas áreas já estabelecidas não possuem visão de OKRs e não possuem KPIs (ou até não têm acesso). Não cabe em uma DS, além de não ser o objetivo da metodologia, a definição de OKRs e KPIs, mas a gente pode delinear alguns KPIs, pelo menos em forma de rascunho, para alinhar todos os participantes e, principalmente, para te ajudar a definir as métricas de produto e negócio.

💡Dica: Para este tipo de cliente participante de design sprint, uma ótima forma de ajudar e um output valioso para eles, é definir algumas métricas de negócio e produto ao entregar o resultado da semana.

Preencher o BMC e/ou o Lean Canvas

Este exercício é necessário para early stage startups. Alguns dos nossos clientes procuram nossa DS justamente porque possuem apenas uma ideia. Eles querem sim a definição do MVP com protótipo, mas eles também precisam definir melhor o negócio, afinal, todo o resultado da sprint será usado para fazer o pitch do produto.

Eu sugiro montar dois canvases: o Business Model Canvas e o Lean UX Canvas. Mesmo que algumas partes deles se repitam, os dois possuem quadrantes importantes para quem ainda está bem perdido em relação ao próprio produto ou para quem quer procurar investimento.

Ou seja, em linhas gerais, definir o problema, hipóteses e público para formatação do MVP e protótipo com o Lean UX Canvas e definir a estratégia de recursos, parceiros e custo para o pitch.

Sugiro fazer esta atividade do dia 01, ou máximo 02. Quando a ideia é muito early stage a probabilidade de ter uma persona bem definida é baixa, assim como ter um processo para mapear, então aloque estas atividades no lugar.

Problema

Este é um output de toda e qualquer design sprint. Todas as atividades, especialmente no primeiro dia, são voltadas para a definição do problema. Não há produto se não há um problema. Mas este parágrafo é apenas para garantir que o problema esteja visual, derive da revisão estratégica, e intimamente relacionado com a persona.

Da mesma forma que comentei para a visão, às vezes vocês vão enfrentar mais de um problema, apenas garanta que a sprint não ultrapasse 2–3 problemas por persona ou grupo de personas. Não tem como atacar múltiplos problemas sem sair do escopo de um MVP.

Brainstorm de Solução

Não vai ter como fugir disso no início da DS para early stages. Você terá que exercer suas melhores habilidades de facilitação em sprints como essa, pois durante todo o processo de expert interview, mapeamento, desenho de personas, BMC, etc vão haver momentos de brainstorm de solução, em especial quando há incerteza de viabilidade técnica. E tá tudo bem. Mas como mencionei, tome nota de toda nova ideia, abra curtos espaços de desenho de solução, mas sempre em algum canto da sala ou do quadro digital e facilite o processo para não desviar da atividade central.

Após as atividades dos dias 01 e 02, planeje um tempo exclusivo para esse brainstorm, usando e abusando do designer e desenvolvedor alocados para a DS e mantendo a rédea dos participantes do que é ou não é possível para um MVP. Por incrível que pareça, na minha experiência, early stages têm mais tendência a fugir do escopo de um MVP do que uma design sprint para nova vertente ou feature de produto.

O brainstorm de solução deve acontecer apenas o suficiente para ter uma visão de MVP que deve — obrigatoriamente — ser selada com uma visão de produto, que vou descrever em seguida, e por um fluxo TO-BE, concluindo assim os dias de mapear e definir.

Visão de Produto (ou Elevator Pitch)

Esta atividade é a mais eficiente para selar a paz e deixar todos alinhados quanto ao produto que vamos construir, inclusive para fechar o reconhecimento do que seria este MVP.

Não vai faltar vontade de ser inspiracional e querer montar uma visão de produto que visa de fato o futuro e todo potencial de produto, mas para uma design sprint de early stage é essencial deixar claro nesse pitch a visão de MVP, afinal, nunca sabemos se um produto digital pode pivotar e nem para que lado ele pode ir. É importante manter o foco no que podemos construir agora.

Coloque o template na tela de uma TV ou no compartilhamento de tela em chamada de vídeo e dê de 10 a 15 minutos para cada participante escrever seu próprio pitch. Logo depois deixe visível para todos todas as versões, deixe que cada um leia o seu e na tela onde está o template, vá preenchendo de acordo com cada linha (do pitch) que todos concordaram ou gostaram mais.

Bônus: Entrevistas

Se for possível, em termos de tempo e orçamento, organize entrevistas com o público-alvo para validar a missão, visão, problema, dores e necessidades das personas e por consequência, a visão de produto. Validar esses dados é de extrema importância para qualquer produto, em especial para early stages. Alguns clientes podem chegar com algum estudo de mercado ou pesquisas já feitas em relação ao problema e público-alvo. Mas caso esta não seja a realidade, proponha com antecedência a realização de entrevistas e peça ao seu cliente ajuda para realizá-las.

Conclusão

Todas estas atividades são essencialmente de produto. Como clientes não querem validar ideias, mas sim executá-las, para early stages essas etapas descritas acima são importantes para ajudar o seu cliente a ter maiores chances de sucesso, uma vez que, nesta fase de empresa, o produto não está bem definido, e a tese do cliente ainda está no campo das ideias.

Diferentemente da design sprint mais tradicional, a concepção de produto toma caminhos um pouco diferentes, neste caso tornando o final da DS mais corrido, com menos validação da materialização do produto (teste e validação de protótipo e de fluxo to-be), mas com maior certeza de visão de produto e visão de negócio, que são outputs desejáveis para rodada de investimento (interna da empresa ou externa ao captar investidores).

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